O setor agro: “a indústria menos digitalizada”? 

A digitalização e o desenvolvimento tecnológico estão abrindo novas perspectivas de crescimento para muitos setores; no entanto, alguns analistas afirmam que a agricultura ainda não foi significativamente transformada pela revolução digital. Por exemplo, a McKinsey & Co., uma das gigantes da consultoria mundial, argumenta que a agricultura ainda é a menos digitalizada entre as atividades humanas. 

Esse ponto de vista afirma que, embora a disrupção tecnológica tenha redefinido as operações de muitos setores, a agricultura parece ter mudado pouco desde que foi praticada pela primeira vez há 10.000 anos. Essa visão, no entanto, não leva em conta os desenvolvimentos muito recentes que estão transformando o setor agrícola. 

A mudança climática e a escassez de mão de obra na agricultura são enormes desafios, que estão desencadeando uma revolução “agrotécnica” que espera resolver alguns desses problemas por meio da inovação de alta tecnologia. O setor agro tecnológico está atraindo a atenção de capitalistas de risco, que investiram US$ 10,5 bilhões em projetos de negócios inovadores apenas em 2021. 

Existem incentivos claros para fortalecer a resiliência e a produtividade do setor agrícola por meio de tecnologias digitais, à medida que a indústria tenta aumentar a produção para atender às necessidades nutricionais e econômicas da sociedade, ao mesmo tempo em que tenta proteger os recursos naturais. As startups estão surgindo ou experimentando um crescimento repentino: +58% em média ao ano. Apresentamos aqui um panorama das inovações tecnológicas que nos colocarão frente a frente com a agricultura de 2050. 

 

Uma revolução digital, três caminhos diferentes 

Ao analisar a maior revolução agrícola dos últimos 300 anos, vemos que a tecnologia pode ter muitas aplicações na agricultura: desde cultivos até irrigação, tratamento de solo e rastreabilidade. A digitalização da agricultura pode ser vista como tendo se desenvolvido através de três caminhos principais: 

1 – Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Big Data para coletar e entender grandes quantidades de dados, 

2 - Blockchain e Metaverso para garantir a transparência da cadeia de suprimentos e trazer à tona as realidades dos campos por meio da realidade virtual, 

3 - Ferramentas inteligentes: drones, IoT e sensores para melhor monitoramento e suporte à oferta de mão de obra para atividades agrícolas. 

 

1 – TIC e Big Data para dimensionar a coleta e análise de dados 

A agricultura produz grandes quantidades de dados que muitas vezes não são integrados em ferramentas e não são facilmente interpretáveis, deixando seu potencial praticamente intocado. A tecnologia da informação e comunicação (TIC) está mudando isso, criando novas soluções de software para armazenamento em massa e conectividade otimizada, trazendo benefícios para todo o setor. 

A TIC pode otimizar o uso de fertilizantes, irrigação ou ajudar a lidar com circunstâncias climáticas cada vez mais imprevisíveis, para citar algumas vantagens. A sistematização e análise de grandes quantidades de dados técnicos (Big Data) podem ser traduzidas em insights úteis que podem ser transmitidos de agricultor para agricultor e serem ampliados. Por exemplo, conjuntos de dados que certificam o sucesso de uma determinada prática agrícola podem ser facilmente transmitidos para outros locais de produção, tornando as operações mais eficientes por meio do compartilhamento de conhecimento. 

 

2 – Blockchain e Metaverso 

A tecnologia também está mudando a maneira como as cadeias de suprimentos operam. A implementação de tecnologias digitais como blockchain está permitindo que vários players da indústria de alimentos monitorem as cadeias de suprimentos com grande precisão, comunicando valor e qualidade ao cliente final. 

Blockchain pode revelar-se uma tecnologia relevante na agricultura, especialmente em processos de rastreabilidade. A falta de rastreabilidade significa transações financeiras mais lentas e muitas vezes trabalho manual intensivo para cobrir a devida diligência. Além disso, as falsificações podem aparecer em todas as etapas da cadeia de abastecimento e ter consequências negativas para todas as partes interessadas. 

Realidade Virtual (VR), Realidade Estendida (ER) e Metaverso também podem fornecer uma ferramenta excepcional para obter uma visão mais ampla da terra. São também meios para formar recursos humanos em manejo de plantas e animais e para ensinar os alunos a criar animais e lidar com plantas e culturas. 

 

3 - Objetos inteligentes na nova era da agricultura 

A digitalização também começou a aparecer nas fazendas também na forma de ferramentas inteligentes que podem mudar o jogo para os processos no nível da fazenda. Graças a drones, IoT e sensores, os agricultores são capazes de monitorar a produção com mais eficiência. Por exemplo, drones tele pilotados estão permitindo um mapeamento preciso do solo, sensores ambientais estão oferecendo monitoramento de 360 graus da área de cultivo de uma perspectiva hidrológica, climática e mineral. 

A Internet das Coisas (IoT) conecta todos esses sensores e veículos, permitindo que os produtores troquem informações para melhorar a qualidade e o resultado da produção geral. Uma combinação de todas essas inovações automatiza a produção e alivia o agricultor de operações repetitivas e demoradas. 

A missão que impulsiona muitos atores no mundo da agro tecnologia é aproveitar a inovação tecnológica para melhorar a produção, com o menor esgotamento dos recursos naturais e agrícolas, “produzir mais com menos” e melhorar a forma como fazemos uso dos recursos agrícolas. 

A saúde do solo está no centro dessas discussões na agricultura e na indústria alimentícia, pois está na base de um sistema alimentar produtivo. Pesquisas da ONU mostram que mais de 40% das terras do mundo estão degradadas por atividades humanas, representando uma ameaça crescente ao abastecimento de alimentos e fontes de renda de muitos indivíduos. Utilizar a terra de forma mais inteligente, entender suas propriedades e como conservar melhor sua fertilidade é de suma importância. 

Reconhecendo a importância da coleta de dados do solo, a Varda está operando o programa Global Soil: uma plataforma abrangente de conhecimento do solo que coleta grandes quantidades de dados para fornecer informações detalhadas sobre a saúde do solo e, por meio do compartilhamento de dados, criar uma imagem holística que pode ajudar a tomar melhores decisões sobre o manejo da terra. 

 

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